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Qual o Melhor Cimento do Brasil: CP II ou CP V?

Alexandre de Almeida Albuquerque
Alexandre de Almeida Albuquerque
7 min. de leitura

Escolher o cimento correto define a segurança, a durabilidade e o acabamento final da sua obra. Muitos consumidores acreditam erroneamente que existe uma única marca ou tipo que supera todos os outros em qualquer situação.

A realidade técnica é diferente. O 'melhor' cimento depende inteiramente da aplicação específica, seja para fundações estruturais, reboco de acabamento ou reparos rápidos. Utilizar um cimento de alta resistência inicial em um reboco simples pode resultar em trincas, enquanto usar um cimento básico em estruturas complexas pode atrasar o cronograma.

Neste guia técnico, analisamos as propriedades químicas e físicas dos principais tipos disponíveis no mercado brasileiro, com foco nas normas da ABNT. Você entenderá as diferenças cruciais entre o Cimento Portland Composto (CP II) e o Cimento de Alta Resistência Inicial (CP V), além de aprender a identificar qual saco de cimento levar para casa baseando-se na etapa da sua construção.

O objetivo é garantir que seu investimento resulte em concreto armado sólido e acabamentos perfeitos, sem desperdício de material.

Nossas análises e classificações são completamente independentes de patrocínios de marcas e colocações pagas. Se você realizar uma compra por meio dos nossos links, poderemos receber uma comissão. Diretrizes de Conteúdo

Entenda as Diferenças: Cimento CP II vs CP V

O Cimento Portland Composto, conhecido como CP II, é o material mais versátil e utilizado na construção civil brasileira. Sua composição inclui adições que variam conforme a subtipo (E, Z ou F), como escória de alto-forno, pozolana ou material carbonático (fíler).

Essas adições não servem apenas para reduzir custos. Elas melhoram certas propriedades, como a trabalhabilidade e a impermeabilidade. O CP II apresenta um tempo de secagem moderado.

Isso permite que o pedreiro tenha tempo hábil para aplicar a argamassa ou lançar o concreto antes que ele comece a endurecer excessivamente. É a escolha segura para a maioria das etapas, desde o levantamento de paredes até contrapisos.

Já o Cimento CP V ARI (Alta Resistência Inicial) possui uma filosofia diferente. Ele é fabricado com um teor muito mais elevado de clínquer e uma moagem mais fina. Essa combinação resulta em uma reação química muito mais rápida com a água.

O foco aqui é a velocidade e a força nas primeiras horas. Ele atinge resistências elevadas em pouco tempo, permitindo a desforma rápida de vigas e pilares. No entanto, essa reação acelerada libera mais calor (calor de hidratação).

Se usado sem critério em grandes volumes ou em dias muito quentes, esse calor excessivo gera expansão térmica e retração brusca, causando fissuras severas se a cura (molhagem) não for executada com perfeição.

A distinção fundamental para o comprador está no controle da obra. Se você precisa de velocidade industrial e tem uma equipe preparada para fazer uma cura úmida rigorosa, o CP V oferece produtividade.

Para o autoconstrutor ou para obras residenciais convencionais onde o ritmo é menos frenético, o CP II oferece uma margem de segurança maior contra erros de aplicação. Não se deve assumir que o CP V é 'melhor' apenas por ser mais forte inicialmente.

A durabilidade a longo prazo do CP II, especialmente os com adição de pozolana (CP II-Z), pode ser superior em ambientes agressivos devido à menor porosidade final.

Resistência e Secagem: O Que Avaliar na Compra?

A resistência do cimento é medida em Mega Pascal (MPa), uma unidade de pressão que indica quanta carga o material suporta antes de falhar. Na embalagem, você frequentemente verá números como 32 ou 40.

Isso indica que, após 28 dias de cura adequada, a argamassa padrão feita com aquele cimento deve resistir a 32 MPa ou 40 MPa. Para obras residenciais térreas ou sobrados, um cimento classe 32 é perfeitamente adequado e costuma ter um custo-benefício superior.

Investir em classes de resistência 40 ou superior é necessário apenas para estruturas que receberão cargas elevadas ou quando especificado pelo engenheiro calculista.

O conceito de secagem, tecnicamente chamado de tempo de pega, é frequentemente confundido com o endurecimento total. O início de pega é quando a massa deixa de ser plástica e começa a firmar, o que ocorre geralmente entre 1 a 2 horas após a mistura com água.

O fim da pega ocorre algumas horas depois. No entanto, o ganho de resistência continua por anos. O erro mais comum em obras no Brasil é a falta de 'cura'. O cimento não seca por evaporação, ele endurece por hidratação.

Se a água da mistura evaporar pelo sol ou vento antes de reagir com o cimento, a reação para. O resultado é um concreto fraco e esfarelando, independentemente da marca comprada. Mantenha a superfície úmida por pelo menos 7 dias para garantir a resistência prometida na embalagem.

  • Verifique a classe de resistência (32 MPa é o padrão residencial).
  • Considere o clima local. Em dias quentes, o CP V seca rápido demais e exige muita água na cura.
  • Não confunda secagem rápida com resistência final. Um cimento de secagem lenta pode ficar mais duro no final.
  • Avalie a necessidade de desforma. Se não precisa tirar as formas em 2 dias, o CP II é mais econômico e seguro.

Cimento para Reboco ou Estrutura: Qual Usar?

Para estruturas de concreto armado, como vigas, pilares, lajes e fundações, a prioridade é a resistência mecânica e a proteção da armadura de aço contra corrosão. Nessas etapas, tanto o CP II quanto o CP V são excelentes opções.

O CP II-E (com escória) e o CP II-F (com fíler) são muito utilizados. O CP II-E, especificamente, oferece boa resistência a sulfatos, sendo interessante para fundações em solos agressivos.

O uso do CP V em estruturas é recomendado quando se deseja agilidade na obra, permitindo que a laje seja pisada ou que as colunas sejam desformadas mais cedo, acelerando o levantamento das paredes subsequentes.

Para reboco, emboço e assentamento de tijolos, a lógica muda drasticamente. Aqui, a resistência à compressão é secundária. O que importa é a trabalhabilidade (liga), a retenção de água e a aderência.

O uso de cimento CP V para reboco é um erro técnico comum e caro. Por ser muito fino e reativo, ele tende a 'queimar' (secar) muito rápido na parede, provocando as famosas trincas de retração ou 'mapa de ovis' no acabamento.

O cimento ideal para reboco é o CP II-Z (com adição de pozolana) ou até mesmo o CP IV. A pozolana confere uma textura mais untuosa à massa, facilitando o trabalho do pedreiro e garantindo um acabamento mais liso e impermeável, protegendo a alvenaria contra a chuva.

Outro ponto crítico no reboco é o traço (proporção de areia e cimento). Usar muito cimento na tentativa de fazer um reboco 'forte' é contraproducente. O excesso de cimento aumenta a retração e causa fissuras.

O segredo de um bom reboco está na areia de boa qualidade e no uso de aditivos plastificantes, que permitem reduzir a água da mistura mantendo a massa macia. Portanto, reserve o CP V para o concreto estrutural e prefira o CP II, especialmente o tipo Z ou E, para as etapas de acabamento e alvenaria.

Dicas para Armazenamento e Validade do Cimento

O cimento é um material higroscópico, o que significa que ele absorve a umidade do ar com extrema facilidade. Um armazenamento incorreto pode inutilizar sacos inteiros em poucos dias.

A regra de ouro é nunca deixar o cimento em contato direto com o solo ou paredes. A umidade sobe por capilaridade e inicia a reação de hidratação dentro do saco, criando pedras (empedramento).

O ideal é utilizar pallets de madeira, elevando o material pelo menos 10 a 15 centímetros do chão.

A validade do cimento no Brasil é regulamentada e geralmente curta, variando de 60 a 90 dias a partir da data de fabricação. Ao comprar, verifique a data impressa na sacaria. Em regiões muito úmidas, como o litoral, a vida útil real pode ser ainda menor se a embalagem for aberta ou mal estocada.

Se você encontrar 'pedras' no cimento, tente esfarelá-las com os dedos. Se elas se desfizerem em pó novamente, o cimento ainda pode ser usado para funções não estruturais (como contrapiso).

Se as pedras estiverem duras e não esfarelarem, o cimento já reagiu quimicamente e perdeu sua capacidade de cola. Usar esse material em estruturas é perigoso e compromete a segurança da obra.

  • Empilhe no máximo 10 sacos de altura para evitar compactação excessiva dos sacos inferiores.
  • Mantenha distância de 30cm das paredes para permitir ventilação.
  • Cubra a pilha com lona plástica em dias chuvosos, mas permita respiro em dias secos.
  • Utilize primeiro os sacos mais antigos (sistema PEPS: Primeiro que Entra, Primeiro que Sai).

Perguntas Frequentes

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